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Música Gerada por IA Invade as Plataformas de Streaming

Você sabia que cerca de 10 mil músicas geradas por inteligência artificial são publicadas todos os dias nas plataformas de streaming? Esse número já representa cerca de 10% de todo o conteúdo novo, segundo a própria Deezer — e vem crescendo rapidamente à medida que mais pessoas usam ferramentas como Suno, Udio, Soundraw e Boomy para gerar faixas completas com poucos cliques.

A explosão desse tipo de conteúdo obrigou os serviços de streaming a se adaptarem. Em 2024, a Deezer lançou um sistema de detecção automática para identificar faixas criadas por IA. O objetivo é rotular essas músicas com tags específicas e garantir que elas não sejam incluídas em recomendações personalizadas sem o consentimento do usuário.

O CEO da Deezer, Jeronimo Folgueira, afirmou: “A IA generativa pode ter um impacto positivo na criação e no consumo de música. Mas seu uso deve ser feito com responsabilidade para proteger os artistas humanos, suas rendas e seus direitos” (Fonte: Music Business Worldwide, 2024).

Além da Deezer, a Spotify também anunciou mudanças em suas políticas de conteúdo após receber milhares de uploads por dia de faixas geradas com IA. A plataforma chegou a remover músicas criadas com Boomy alegando suspeita de manipulação artificial de streams. Depois, reintegrou parte do catálogo, mas com novas regras de transparência e controle de spam.

Essas ações mostram que as plataformas estão tentando equilibrar inovação tecnológica com valores éticos e proteção ao ecossistema musical. Afinal, o que acontece quando músicas geradas por IA competem diretamente com artistas humanos por espaço em playlists, visibilidade e remuneração?

Outro ponto importante é a falta de regulação clara. Músicas geradas com IA podem usar vozes sintéticas de artistas reais, samples recriados ou estilos que se aproximam de obras existentes, levantando questões sérias sobre autoria, plágio e monetização.

Por isso, o futuro das plataformas pode incluir:

  • Etiquetas obrigatórias de conteúdo gerado por IA
  • Filtros de recomendação para usuários que desejam (ou não) ouvir faixas feitas por algoritmos
  • Modelos de remuneração separados para humanos e máquinas
  • Novas legislações, como a Tennessee ELVIS Act, que já protege a voz e imagem de artistas contra imitações digitais

Ao mesmo tempo, há quem veja nessa revolução uma oportunidade criativa. Para muitos criadores independentes, a IA é uma aliada para produzir músicas de forma acessível, rápida e personalizada.

O desafio está lançado: como garantir um ambiente musical justo e transparente para todos — humanos e máquinas?